Projecto IBERLINX

O projecto IBERLINX - Acção Territorial Transfronteiriça de Conservação do Lince–ibérico, aprovado no início do ano passado, tem vindo a desenvolver um trabalho no sentido de garantir condições para a integração do Lince-ibérico em Portugal, mais precisamente nos sítios de interesse comunitário de Moura-Barrancos e Monchique. Com um orçamento global superior a 1,2 milhões de euros, o projecto liderado pela EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva, em parceria com a empresa Águas do Algarve, a Junta da Andalucia e o município espanhol de Valência del Mombuey, tem vindo a apostar na criação de condições para o desenvolvimento do coelho bravo, que representa 98% da dieta alimentar do felino.

De acordo com Bárbara Pinto, directora da EDIA, «é preciso criar condições para integrar o Lince-ibérico, criar zonas de refúgio e, principalmente, zonas de alimentação. E para isso é preciso desenvolver condições favoráveis à criação do coelho bravo».

Mas todo o processo passa também por um trabalho de sensibilização da população. «A existência do Lince-ibérico é incompatível com alguns sectores como o agrário ou pecuário. É necessário criar condições sociais para que sejam evitados conflitos com o Homem, nomeadamente os caçadores». A área de intervenção do projecto é também uma zona de caça e «devido à baixa população de coelho bravo, é preciso continuar o trabalho de sensibilização», acrescentou Bárbara Pinto.

A área de intervenção do IBERLINX, contempla o 
Parque de Natureza de Noudar, propriedade da EDIA e territórios adjacentes sob gestão do Ayuntamiento de Valência del Mombuey, a Herdade das Santinhas com o Centro Nacional de Reprodução de Lince-ibérico, propriedade da empresa Águas do Algarve e ainda territórios sob gestão de privados, associações de produtores florestais e municípios.

Para Bárbara Pinto, a adaptação do território ao Lince-ibérico é um «importante instrumento de qualificação territorial e ambiental. O Lince-ibérico é um símbolo, um dos felinos mais ameaçados do mundo e uma espécie muito especializada e exigente em termos de alimentação». Preparar uma área para receber um animal desta importância é «uma mais-valia para Portugal», afirma. O projecto IBERLINX «ainda tem muito trabalho para desenvolver», conclui.
exposição fotográfica «Terra de Linces»surgiu precisamente no âmbito desta campanha de sensibilização. Para quem for até ao Jardim Botânico Tropical, poderá ver o felino em liberdade no seu habitat natural através da lente do fotógrafo espanhol Andoni Canela, especializado em fotografia de Natureza.

A exposição foi organizada para uma melhor percepção do grande desafio que é dar ao Lince-ibérico um futuro nas regiões de Espanha e Portugal que estão a procurar tornar-se de novo terra de linces.

Para o presidente do 
Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), Tito Rosa, esta é «uma boa oportunidade para chamar a atenção para a importância da conservação do Lince-ibérico através de uma forma estética, de grande impacto».

O Lince-ibérico é o felino mais ameaçado do mundo. No ano passado, foi estimada uma população global de 220 a 225 linces, quase exclusivamente em Espanha, com algumas detecções esporádicas em Portugal.